terça-feira, 30 de maio de 2017

O pacto

     A raiva ensopava-me a alma pois a sorte não andava comigo e além disso havia brigado na rua e para piorar, nesta noite, o choro de um gato somado as sombras estranhas fêz-me gelar de medo e com a raiva misturada ao medo fui dormir contudo a idéia de um pacto não saía da minha mente, desta forma fui tomado por um pesadelo pavoroso. Era noite de ventania e algo perseguia-me bufando e rosnando, eu até podia sentir sua respiração e tudo isso somado as sombras criou um clima horrendo. Corri até o cemitério da velha igreja e dei de cara com um homem que tinha o rosto em carne viva e gargalhava com um machado nas mãos então parei de um pulo e senti calafrios, mudei de direção e já na estrada tropecei e caí, olhei para o chão e notei algo brilhando, era o anel de minha mãe em sua mão decepada, chorei, levantei e corri até a encruzilhada e tomado pelo cansaço parei ofegante, olhei em todas as direções e senti um alívio, o vento ressoou, então senti um toque que foi descendo pelo meu pescoço até o ombro, gelei e fiquei paralisado, chorei baixinho, implorei, agora o ser estava na minha frente, era horrendo e falou com voz grave e grotesca:
     - Não era o que queria, um pacto?
     Ergui a cabeça de sopetão e ofeguei muito, que pesadelo medonho. Então olhei para a frente e ali estava ele, chorei baixinho e implorei por minha alma.    

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